Apesar de todos os esforços dos governos municipais e estaduais com relação a educação, ainda estamos longe de ter, em nosso estado, uma educação pública de qualidade. Isso no que se refere tanto às escolas indígenas quanto às não indígenas. Acredito que muitas pessoas também pensam da mesma forma. Não há um investimento planejado, uma articulação com os povos, para que as ações sejam feitas de forma consciente, valorizando os conhecimentos locais e regionais. E todos sabemos que a educação, seja familiar ou escolar, é o caminho para bons frutos em todas as sociedades.
Nós, indígenas, estamos sofrendo muito com esse mau planejamento do estado, que não garante firmar parcerias, nem disponibilizar recursos para a formação de professores indígenas. Vamos para o quarto ano consecutivo sem que os professores indígenas participem de cursos e ativem outros processos de formação, o que sabemos que prejudica, pois a formação é de fundamental importância para a qualidade da educação em nossas escolas.
Apesar disso, pelo que tenho acompanhado nos últimos dias, os dirigentes governamentais não admitem as dificuldades e tentam justificar, de qualquer forma, suas ações, o que não colabora na resolução dos problemas, pelo contrário, só tende a agravá-los. Tenho ouvido falar que os professores indígenas não dão aula. Isso é uma desculpa para não providenciar as formações? Antes de falar esse tipo de coisa não seria bom fazer uma visita às escolas para saber o motivo dos professores não darem aula? Será que o governador está ciente do que está acontecendo por aqui? Ele também não quer ajudar mais os povos indígenas em seus processos de educação escolar? Aqui em nossa aldeia, gostaria muito que tivéssemos um encontro com a equipe dos governos estadual e municipal para fazermos uma avaliação dos problemas e darmos encaminhamentos que, de fato, contribuam para uma boa gestão na área da educação.
Nós da Apiwtxa estamos colocando essa preocupação por nos sentirmos totalmente prejudicados pelo estado, tanto na assessoria pedagógica, como na formação dos professores - nem os novatos nem os que foram incorporados nos últimos anos têm recebido acompanhamento. Nos últimos três anos parece que todos os esforços foram por água abaixo: nada de formação, apesar do número de estudantes aumentar a cada ano. Consequentemente temos professores sem nenhuma experiência pedagógica sendo contratados para tentar atender a demanda.
Aqui na escola Samuel Piyãko, na Terra Indígena Kampa, do Rio Amônia, do povo Asheninka, só tivemos assessoria na época da Comissão Pro-Índio, há mais de 6 anos. O estado, através de sua gerência específica pra atender a educação indígena, nunca veio aqui para prestar auxílio à nossa escola, ou ao menos para perguntar como estão indo os professores, o prédio escolar, e outras demandas que cabe ao estado financiar. Nem mesmo o material didático publicado em 2012 para atender os alunos chegou em nossa comunidade.
Senhor Governador do Estado do Acre, aqui na Aldeia Apiwtxa, 100% dos votos foram para seu mandado, bem como para o seu prefeito de Marechal Thaumaturgo. Não estamos pedindo nada, mas cobrando, como cidadãos que votam para eleger seus representantes, a fim de que eles respondam à altura às nossas necessidades
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